Como a maioria das mães de primeira viagem, a atriz Taís Araújo saía correndo como louca quando ouvia o choro do recém-nascido João Vicente, hoje com quase um ano. O bebê podia até estar no colo do pai, o ator Lázaro Ramos, ou de alguém da família, mas Taís largava tudo para ver se havia algum problema. "Meu filho depende muito de mim, por isso acho natural querer protegê-lo o tempo todo. Me preocupo com tudo", diz a Penha de "Cheias de Charme". "Depois entendi que isso não é necessário. Agora estou mais tranquila, ele pode até ficar só de fralda quando está quente".
Acho que toda mãe pensa dessa forma; Antes eu achava que só eu fazia o melhor, hoje eu sei que outras pessoas também fazem e, uma ajudinha nunca é demais! Às vezes, percebo que Maria Helena fica manhosa quando está comigo, longe, ela parece outra pessoa!
O que hoje Taís já sabe muito bem, a dona de casa Thalita Cristina Silva Vianelo, 20 anos, não imaginava quando Emilly Cristina nasceu, em novembro de 2011. Era um dia quente, mas Thalita exagerou nos cuidados para manter a filha bem agasalhada. Vestiu-a com body, macacão grosso, meias, luvas, gorrinho e, como se não bastasse, ainda a enrolou em um cobertor. “Minha filha começou a ter febre e fiquei muito preocupada”, diz. Uma enfermeira notou o exagero e discretamente pediu para a mãe dar um banho morno na criança e colocar uma roupa leve. “A febre sumiu. Estava sufocando a minha filha com tanta roupa!”, diz. Exagerar na hora de agasalhar o bebê, o que pode desidratar a criança e até causar brotoejas na pele, é apenas um dos problemas recorrentes das mães de primeira viagem.
Sempre deixo Maria Helena de calcinha (hoje) e camiseta quando está em casa. Quando está muito quente, ela fica só de fralda mesmo!
Para a psicóloga infantil e arte educadora Jéssica Fogaça, superproteger o primeiro filho é normal. “Mães de primeira viagem costumam redobrar a atenção, pois têm medo de fazer algo errado”, diz. Toda mãe está sujeita a ter cuidados excessivos. Até mesmo a apresentadora Adriane Galisteu teme os exageros com seu filho Vittorio, de um ano e nove meses. "Morro de medo de superproteger meu filho, mas não conheço outra alternativa", diz. "Trabalho demais, por isso, quando posso estar com ele, exagero sim. Faço tudo o que posso por ele e dou o meu melhor".
Redobrar a atenção é normal, mas ser neurótica é outra coisa! Prefiro deixar ela errar e perceber que é errado do que evitar certas coisas. Por exemplo, ela aprendeu a engatinhar para trás. Se ela bater na parede, aprenderá a ter noção de espaço e não irá mais bater; Se eu tirar e evitar que ela bata, ela não terá essa noção e achará que estará fazendo a coisa certa. Na dúvida, eu deixo. Se ela chorar, acalmo e ela volta novamente.
Como toda mãe, a atriz Juliana Paes fica apreensiva longe do filho. "Se vou ao mercadinho a um quarteirão da minha casa para comprar fraldas para o Pedro, já me sinto culpada por não estar ao lado dele", diz. Querer estar por perto e proteger o filho o tempo todo é normal, mas é importante buscar limites. “Ouvir pessoas mais velhas como a mãe, a sogra e conversar com o pediatra podem ajudar a controlar esse impulso de querer proteger o filho o tempo todo”, diz a psicóloga Jéssica.
Sim, a culpa faz parte da vida da mãe, principalmente para as que trabalham fora de casa. Temos que lembrar que uma mãe feliz é sinal de filho feliz, uma mãe frustrada, a tendência é ter um filho frustrado e assim por diante..
Para a atriz Nívea Stelmann, mãe de Miguel, de sete anos, toda mãe é superprotetora. Logo que seu filho nasceu, Nívea tratou de instalar redes de proteção por toda a casa. "Tenho sorte, porque meu filho é muito comportado. Nunca passei susto com ele por ter colocado algo na boca e engolir. Ele também nunca foi de quebrar nada ou de se perder. Mas não abro mão de sempre ter alguém de olho nele".
Lacinhos e enfeites
Taís Araújo confessa que, se tivesse uma filha, talvez exagerasse nos enfeitinhos. E a maioria das mães faz o mesmo, embora isso não seja recomendado. “Nos primeiros anos de vida, a criança passa por uma fase oral e coloca tudo na boca. Por isso, botões, pedrinhas, bijuterias e enfeites não são indicados”, diz a pediatra Luiza Yoshikawa, do Hospital Santa Cruz, de São Paulo. Segundo ela, os enfeites são liberados a partir dos seis anos. Antes disso, é melhor evitá-los. "Todos esses apetrechos podem ser levados à boca ou ao ouvido e provocar engasgamentos e infecções”, afirma a pediatra.
Maria Helena está na fase oral. Tudo que coloco no cabelo, ela tira e joga fora! A única coisa que ela não puxa, é a pulseira. Acho que já se acostumou!
Higiene em excesso
Em 2001, quando o primogênito Lucas nasceu, a professora Carla Luiza de Moraes Tiberio, 33 anos, exagerou ao tentar deixar o bebê sempre cheirosinho. “Achava aqueles itens da linha baby tão fofos que decidi usar todos. Dava vários banhos ao longo do dia, variando as fórmulas: de eucalipto para respirar melhor, de camomila para relaxar”, diz. Sua empolgação resultou em uma alergia na criança. Exagerar nos cosméticos é uma característica de muitas mães de primeira viagem. “Com o intuito de manter o bebê sempre limpo, elas querem dar banho várias vezes ou usar lencinhos umedecidos a cada troca de fralda”, diz Luiza Yoshikawa. Para a médica, um banho por dia é o ideal. Se estiver muito calor, pode haver um segundo, mas sem sabonete. “A pele do bebê é muito delicada, por isso não é indicado passar cosméticos”, diz.
Eu sempre fui contra esses lencinhos. O uso deles somente é indicado em casos extremos. É quando você sai para algum lugar que não tem fraldário, aí sim, a sua única opção é o lenço. Quanto ao uso de cosméticos, tem muita gente sem noção mesmo. Às vezes, não é por querer, mas por achar que "só um pouquinho não vai fazer mal".
Mania de limpeza
Quando Ester nasceu, a supervisora administrativa Sandra Maria Lima e Castro Moledo, 34 anos, se tornou neurótica por limpeza. “Aspirava a casa duas vezes ao dia, estava sempre com um pano úmido limpando o chão e a cada minuto passava o dedo nos móveis para garantir que não houvesse poeira no ambiente”, diz.
Atitudes como lavar as mãos antes de pegar um bebê no colo são realmente muito importantes. Mas nenhuma mãe deve exigir que todos passem álcool gel nas mãos sempre que tiverem contato com o seu filho. O que toda criança precisa é viver em um local limpo, mas ventilado e arejado. “É importante para o desenvolvimento infantil manter contato com o ambiente natural. Não adianta mantê-la fechada dentro de casa sem tomar friagem: em algum momento essa criança entrará em contato com o externo e estará frágil para enfrentá-lo”, diz Luiza. Segundo o pediatra Francisco Lembo Neto, coordenador do núcleo de pediatria do Hospital Samaritano de São Paulo, exagerar na higiene dificulta o desenvolvimento do sistema imunológico. “A criança passa a frequentar a escola e começa a apresentar diversas infecções virais, afinal não está acostumada com o ambiente natural”, afirma.
Lembro como se fosse ontem, meu marido dizendo que todo mundo que chegasse para pegar em Maria Helena, teria que usar álcool em gel nas mãos. Tivemos uma briga feia por conta disso. No final das contas, ninguém usou, só aquelas pessoas que pediam. Imaginem a situação: Seu pai, mãe, tio, primos, etc., chegam em sua casa, todos animados para verem sua filha e, de repente, você que é neurótica, vira e diz: " Passa álcool em gel nas mãos para tocar nela". É pedir para eles nunca mais irem até sua casa. Sei que cada casa, sua regra. Mas eu conheço minha família e assim como eles, eu também ficaria ofendida. É claro que eu não iria deixar ninguém suado, molhado, com as mãos pretas, pegarem em Maria Helena. Tudo com moderação!
Em relação a limpeza, eu sempre deixo Maria Helena descalça em casa, ela brinca no chão, fica toda preta. Para mim, isso faz parte da infância e da imunologia. Tem mãe que não deixa seu filho descalço em nenhum momento, de tanto proteger, o filho fica doente, pega uma infecção que o deixa debilitado mesmo. Tudo na medida certa!
Como saber os limites
Se você tem ouvido comentários como "não faça isso" ou "que exagero", fique atenta. Nenhuma mãe superprotege por mal, mas é importante corrigir os excessos. Para a pediatra Luiza Yoshikawa, a criança precisa ter contato com outras pessoas, brincar no quintal e até mesmo chorar. “O choro é um meio de comunicação. Se a mãe tenta suprir o filho o tempo todo para evitar que ele chore, pode estar impedindo que ele interaja”, diz.
O difícil é quando outras pessoas não entendem isso. Não pode ver chorando que acha um absurdo ou uma maldade. A mãe e as pessoas que convivem, já sabem distinguir um choro. Eu e meu marido sabemos quando Maria Helena chora de dor, de birra, quando ela chora porque quer algo. Evitamos ao máximo que ela chore, mas tem hora que não dá! Tem que deixar chorar mesmo para ela saber que aquilo não pode!
Para o psicólogo Teuler Reis, de Belo Horizonte, quem superprotege demais tem dificuldade em falar não. “Os pais devem ensinar a seus filhos como buscar soluções para os problemas, assim pode ser desenvolvida a autoconfiança”, diz. Para a psicóloga Jéssica Fogaça, a criança deve aprender por tentativa e erro. Por isso, a mãe não pode querer vivenciar tudo pelo filho. “Se deixá-lo atrasado, depois terá que ensinar tudo de uma vez, e isso poderá fazê-lo sofrer. Em vez de protegê-lo demais, que tal ensiná-lo com passinhos pequenos?”.
Aqui entra a firmeza! Tem que ser firme. Podem falar, criticar, sua orelha pode esquentar o tanto que for, mas a mãe sabe o que é melhor para seu filho e sabe de suas necessidades. Ninguém agrada todo mundo, você tem que fazer sua parte, entregar nas mãos de Deus e seguir adiante.
Maria Helena está na fase de querer chorar quando dizemos não ou quando não damos o que ela quer. Quando ela quer algo, ela aponta e chama. Quando achamos que não é a hora dela brincar com aquilo que ela quer, ela faz manha, chora, quer se jogar, é uma coisa de louco. Deixamos ela fazer o show dela, ficamos parados, só olhando. Ela olha pra gente, sem nenhuma lágrima nos olhos e ri. Depois esquece e se distrai com outra coisa. Temos que ter paciência. Às vezes tenho que falar alto com ela porque a conversa já não resolve muita coisa. A menina é geniosa, mas com calma e paciência vamos contornando isso.
Texto adaptado. Site uol.