domingo, 18 de março de 2012

Como evitar o inevitável.

Como evitar o inevitável? Quem nunca se fez essa pergunta? Como dosar o cuidado, como deixar seu filho aprender sem se machucar, é possível? E as consequências? Quais? Quando evitar situações? Que situações? Perguntas e mais perguntas que não sabemos a resposta. O fato é que, as coisas acontecem e, só devemos tirar delas, uma coisa: aprendizado.

Não é fácil saber a hora de parar, de soltar, de ir, de vir, de falar, de calar, até mesmo de opinar. Muitas vezes, por amar, perdemos a noção de limite e aí a pergunta que fazemos: era mesmo necessário tudo aquilo? Será que eu poderia evitar determinada consequência se tivesse agido um pouco diferente? Nunca saberemos ou, quando descobrirmos, será tarde demais.

Maria Helena entrou na fase de controle (nosso). É um copo que pode machucar a boca, é uma sujeira no chão que ela pode engolir, é um passo mal dado e ela pode cair, é engatinhar e arranhar o joelho, são tantas coisas que nos vemos diante de duas situações: ou ela morde o copo e fere a boca e depois não morde mais, ou ela engole a sujeira e nada acontece ou, fica doente, ou ela engatinha e fica com o joelho arranhado até aprender a andar ou, simplesmente, ela não faz nada, não tem infância, não cria anticorpos e, se torna uma criança fresca (com o perdão da palavra).

Não conseguimos ter controle sobre tudo. Em um segundo ela faz coisas imagináveis. Outro dia mesmo, o Pai dela a colocou em cima da mesa, eu estava jantando e, na mesa tinha um bolo coberto com papel alumínio, quando eu olhei, ela estava mastigando algo, meti a mão na boca dela e tirei um pedaço do papel alumínio. Ou seja, por pouco ela não engoliu. Ela estava aos cuidados do Pai e na minha frente. Eu me pergunto: hoje eu pude evitar que ela engolisse papel alumínio, mas será que eu poderei evitar outras situações? Nunca saberei, deixa acontecer.

O que nós não podemos fazer é simplesmente isola-la em uma parte da casa para que ela não corra esses riscos. Corremos riscos a todo minuto. O que eu não faço é super proteger minha filha, acho que ela tem que ser criada como criança, no chão, brincando, levantando e caindo e depois levantando de novo, comendo e se lambuzando, curtindo essa fase única, ela será criança apenas uma vez na vida. Não fui criada com frescuras e nem dentro de uma bolha, não irei fazer isto com minha filha.

O que podemos evitar? Muitas coisas. Mas não podemos deixar que ela não aprenda a andar de bicicleta porque ela pode cair e arranhar o joelho, não podemos deixar de levá-la à praia porque a areia pode irritar a pele dos pés ou porque o sol pode fazer mal, não podemos andar de carro porque algum acidente pode acontecer e ela se machucar, não podemos pintar um mundo cor de rosa, quando na verdade o mundo é cinza. Isso nós não podemos fazer. 

E, como evitar o inevitável? Como evitar que ela não caia, mas que ela aprenda a andar de bicicleta? Como evitar que ela vá à praia sem pisar na areia ou pegar sol? Como evitar um acidente de carro, sendo que você faz sua parte? Não há como. Como evitar que ela se engasgue ao beber água no copo? Porque a chance dela ter pneumonia aumenta quando ela engasga.Mas ela não consegue sugar na mamadeira, e aí? Ela não bebe água? Ou ela bebe água aos pucos e engasga ou ela não bebe água, nunca! Não temos controle de tudo, nem de todas as situações.

O que eu quero dizer é que acidentes acontecem, temos apenas que ter calma e aprender a lidar com as situações. Outro caso que aconteceu conosco outro dia foi o seguinte: desde que Maria Helena tomou as primeiras vacinas, para todos os lugares que íamos, ela nos acompanhava e até hoje acompanha. Fomos a um evento de sushi em um Restaurante que frequentamos, chegando lá, o garçom colocou um fogão, desses de uma boca, em cima da mesa com a panela para esquentar a sopa. Depois de alguns minutos, o gás fugiu e a panela pegou fogo. Neste momento, todos se afastaram e dois homens aproximaram-se da mesa para puxar o pano, nisto, a panela explodiu e todos ficaram perto da janela, com a pressão, uma parte da janela quebrou e apagaram o fogo. Como eu estava com Maria Helena no colo, coloquei a cabeça dela no meu peito e fui para perto da janela e o Pai dela foi pra outro lado. Tudo foi em torno de 5 minutos. Depois de tudo controlado, não tínhamos mais condições de permanecer ali, fomos embora. Eu ainda estava trêmula. Muitas pessoas foram embora, enfim, o estrago foi este, não teve fumaça, não teve nada. Eu me pergunto: quando saí de casa eu poderia imaginar que isto aconteceria? Poderia ter acontecido no dia anterior onde estávamos almoçando em outro restaurante? Tinha como eu evitar? Não! Eu estava errada por levar Maria Helena? Porquê? Sempre ela vai comigo e sempre continuará indo. 

É claro que não vou para um show e vou levá-la, não vou à um Jogo de futebol e levá-la (pelo menos enquanto ela tiver pequena). Mas, não posso deixar de ir a Restaurantes ou a qualquer outro lugar, seja o horário que for, porque Maria Helena é pequena e não pode sentir a brisa da noite ou por qualquer outro motivo. Outro dia, no maior Shopping de Belém pegou fogo em um Restaurante, e aí, se eu estivesse lá? Poderia evitar algo assim? Não!

Apenas não temos como evitar o inevitável! É isto.

Boa noite.

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