O tema surgiu logo no início das aulas de Maria Helena. Perceber, analisar e ter seu posicionamento, é fundamental para o desenvolvimento da criança sem a interferência de terceiros (amigos, conhecidos, pai, mãe, etc).
O medo muitas vezes nos priva de realizar algo ou alguma coisa, isso é fato. Também impede de descobrirmos algo extraordinário e isso se aplica às crianças. Percebo o medo estampado na cara de algumas mães ao deixar seus filhos livres. Sim, livres!
Sou daquelas que é preciso ir lá, errar, cair, se ferir e descobrir a magia de aprender algo novo. Sempre defendi as mães que tem cuidado com seus filhos sem exageros. É necessário deixá-los livres para descobrir o mundo, os objetos, aguçar os sentidos...
Ser mãe de menina não é fácil. Primeiro porque as pessoas pensam que elas são bonecas, que não podem correr, gritar, cair, se machucar. E não é assim, antes de tudo, elas são crianças e precisam brincar, cair, chorar, gritar! Precisam curtir ao máximo esse tempo que jamais voltará!
Outro dia Maria Helena brincando com meus sapatos (ela gosta dos mais altos), foi querer passear pela casa sozinha, sem se apoiar na parede, não deu outra, caiu feio! Chorou, se esguelou e, cinco minutos depois, lá estava ela novamente com meus sapatos. Fica a lição de que ela agora terá mais cuidado (como de fato teve) e não cai mais. Anda a casa toda com meus sapatos morrendo de rir e feliz da vida. Se eu fosse uma mãe neurótica, eu simplesmente a proibia de chegar perto dos meus sapatos porque isso poderia machucá-la novamente!
Levanto a bandeira do incentivo. Temos que incentivar. Nosso papel de mãe é esse. Temos que despertar a coragem em nossos filhos, a vencer obstáculos desde cedo, a estabelecer limites, a não ser tão rigorosa nos horários, a ser mais flexível. Não estamos o dia todo e o tempo todo com eles, temos que orientar nas coisas básicas, para que isso crie mais independência e confiança.
O medo atrapalha o desenvolvimento. O medo impede a descoberta. O medo de que algo poderá acontecer, impede que seu filho aproveite o melhor da vida. Lembro como se fosse hoje, Maria Helena engatinhando para trás pela casa toda. Ela ia até bater na parede e voltava. O pai dela disse para eu tirar ela antes dela bater na parede porque ela ia se machucar. Eu disse não. Ela tinha que encostar na parede para ter a noção de espaço e para saber até onde ela podia ir. E assim foi! Ela já não encostava mais na parede a ponto de se machucar, ou seja, aprendeu!
Aqui em casa ele (pai) é a mãe. Ele é mais medroso, mais cauteloso. Eu não, deixo ir, cair, chorar, sorrir e fazer de novo. E sempre foi assim. Outra coisa interessante foi quando Maria Helena começou a fase de transição. O medo de engasgar era nítido. Já estávamos preparados para qualquer coisa caso ela viesse a engasgar. Quando ela pegou uma coxa de frango e comeu toda, ficamos abobalhados. Era a hora de deixar Maria Helena comer carne sem medo, frango e frutas em pedaços. A partir daquele momento, ela começou a comer tudo. Sempre optamos por pedaços grandes, assim ela não engasgaria fácil e caso engasgasse, era mais fácil ainda desingasgar. Outro medo superado!
Agora estamos colocando ela para dormir só, no quarto dela, com a ajuda da babá eletrônica é claro! Nos primeiros dias foi mais difícil para mim ter que acabar com a cama compartilhada. Mas essa experiência ficará para o próximo post..